- 19 de maio de 2018
Flores, novena, coroação, terço.... Este é maio, mês de Maria, no qual nos voltamos, de maneira especial, para a figura dessa Mãe que continua a acompanhar e guiar o povo na caminhada para Seu Filho Jesus. Uma devoção que a nós foi deixada como herança de Portugal e que constitui hoje, uma parte indispensável da história, caminhada e vida do povo brasileiro. Presença que também inspirou, Dom Wilhelm Berning, a fundar a Congregação das Irmãs Missionárias do Santo Nome de Maria, imprimindo-lhe um carisma missionário-mariano.
Mas por que maio seria o mês dedicado à Maria? Muitas são as razões para tal escolha, dentre essas, destacaremos algumas. Maio é considerado o tempo das flores no hemisfério norte, pois é quando a natureza, tendo passado pelo frio do inverno, começa a desabrochar novamente, trazendo dias mais agradáveis e alegres, até por conta da presença do Sol que nasce mais cedo e se põe mais tarde. Este é o mês da esperança e promessa do Sol que virá com mais intensidade no verão que se aproxima. Também, é neste período que, em vários países do mundo, se comemora o dia das mães, com variação do dia dependendo do país, mas sempre neste mês. E uma outra razão, é a continuidade dada a tradições antigas (grega e romana) que realizavam jogos florais para homenagear deusas da fecundidade e da vegetação, símbolos da religiosidade popular.
Diante dessas motivações, e tendo por base que é do hemisfério norte que nos chega tal devoção, compreende-se Maria como aquela, que assim como a Primavera, vem florescer na vida do povo, fazer brotar a vida nova, anunciando o Sol Maior, o próprio Jesus Cristo, que ressurgirá dos tempos frios e escuros vividos no inverno e da espera pela completude do mistério pascal. Ela é a Mãe da promessa que confia na Aliança que Deus fez com seu povo, e espera de tal forma, que dá ao mundo a Esperança em Pessoa. Sendo Mãe desta Promessa, se torna também a Mãe de toda a humanidade, que sempre atenta aos sinais de seu povo, aponta o melhor caminho a ser seguido: “Fazei tudo o que Ele vos disser” (Jo 2,5). A devoção à Maria, das tradições antigas, vem unificar o louvor às deusas femininas, a figura da mulher que aponta para o Divino.
E olhar para a figura de Maria no contexto histórico latino-americano é de uma riqueza muito profunda, visto que a devoção mariana está ligada aos tempos da colonização dessas terras, e que desde então, nunca deixou de fazer parte da história do povo; crescendo e atingindo cada vez mais pessoas, marcando-as em vários períodos. Olhar para Maria é também conhecer a história de vários países da América Latina, de modo especial, o Brasil.
A devoção mariana esteve sempre presente ao longo do processo evangelizador da chamada “Terra de Santa Cruz”. Jesus Cristo foi anunciado no Brasil, ao lado de Maria - “Viram o menino com sua mãe” (Mt 2,11). Esta devoção foi uma herança do povo português. O marianismo português fazia parte da alta política de Estado, a tal ponto que, o rei D. João, em agradecimento pela restauração da independência de Portugal, em 1º de dezembro de 1640, sob domínio espanhol, proclamara o patronato da Virgem da Conceição sobre todos os Reinos de Portugal, inclusive o Brasil.
Quando o almirante Pedro Álvares Cabral partiu com sua expedição que acabou chegando ao Brasil, trouxe em sua armada duas imagens da Virgem: um quadro de Nossa Senhora da Piedade, perante o qual era celebrada diariamente a Missa, e um outro de Nossa Senhora da Esperança, que ainda é conservado no convento franciscano de Belmonte, na Bahia. Além disso, os primeiros missionários traziam consigo uma profunda devoção a Maria e realmente a propagaram.
A primeira Igreja construída no Brasil, por volta do ano de 1535, no litoral de Boipeba (Bahia), muito provavelmente também foi dedicada à Virgem, sob a invocação de Nossa Senhora da Graça. No mesmo período foram edificadas outras Igrejas dedicadas à Virgem: Nossa Senhora da Conceição de Itamaracá (Pernambuco); também com o mesmo nome em Itanhaém (São Paulo); Nossa Senhora da Assunção (em São Vicente), e inúmeras outras Igrejas foram, depois, construídas em honra da Virgem. Algumas chegaram a dar origem às capitais das províncias: Nossa Senhora das Neves, em João Pessoa (Paraíba) no ano de 1584; Nossa Senhora da Ajuda (Amparo), em Fortaleza (Ceará) em 1611, e entre outras. Sem contar os títulos marianos no Brasil, que ultrapassam as centenas.
As festividades marianas contam com uma imensa quantidade de devotos. A cultura popular brasileira tem em Maria um ponto de referência constante. E além da esfera religiosa, a figura da Virgem aparece com frequência em nomes de lugares, pessoas, narrativas, poesia e, particularmente, nos cantos do folclore. A presença de Maria é tão marcante no Brasil, que o Papa João Paulo II, na ocasião da sua primeira visita ao país, em 1980, a exclamou nesses termos “o amor e a devoção a Maria, elementos fundamentais da cultura latino-americana, são um dos traços característicos da religiosidade do povo brasileiro”.
O famoso estudioso da cultura nacional, Afonso Arinos, afirma que a Virgem encontra-se mais na alma brasileira que nos monumentos externos. E prossegue: “Onde palpite uma alma brasileira... o doce nome de Maria soa como numa melodia divina, numa exclamação única, numa interjeição ardente ou num desafogo pleno”. Com efeito, o nome de Maria é uma constante na linguagem popular, sobretudo na forma exclamativa: Virgem!, Virgem Maria!, Ave Maria!, Ave, Santa Virgem!, Mãe do céu!, Nossa Senhora!, Minha Nossa Senhora! Essa última expressão é especialmente interessante porque une o respeito da “Nossa Senhora” com a intimidade da “Minha... (RAMOS, 1995, p.15) ”.
E aqui estamos nós, Irmãs Missionárias do Santo Nome de Maria, também neste país, onde esta Mãe, como nos diz Afonso Arinos, ‘palpita na alma brasileira’. Feliz foi Dom Wilhelm Berning, nosso fundador, que percebendo as necessidades religiosas e sociais nos territórios de Diáspora, deixou-se inspirar e guiar pela Virgem, fundando esta Congregação Religiosa. Felizes foram nossas primeiras Irmãs Missionárias, que sendo presença viva de Maria por onde passaram, fizeram com que este carisma e devoção, partindo de Osnabrück, na Alemanha, chegasse às realidades latino-americanas. Felizes aquelas que, vivendo esta devoção com o povo, continuam a consagrar sua vida a fim de que “Tudo seja feito para a maior Glória de Deus, a exemplo de Maria Santíssima”. E felizes todos aqueles que acolheram este presente deixado pelo próprio Jesus Cristo “Eis aí tua mãe”.
Postulantes:
Beatriz Rocha,
Cindy Toffoletti,
Marisol Martinez,
Socorro Ramos
e Noviça
Ranna Campos
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
RAMOS, Luciano. A Padroeira Origem do culto à Senhora Aparecida. São Paulo: Paulinas, 1992.
RAMOS, Luciano. Aparecida Senhora dos brasileiros: A história de uma devoção na origem de um povo. São Paulo: Paulinas, 2004.
SCIANDINI, Patrício. Maria de todos nós: Vida de Nossa Senhora narrada para o homem de hoje. São Paulo: Paulinas, 1979.
E-BIOGRAFIA, 2012. Disponível em:
<http://www.a12.com/redacaoa12/espiritualidade/por-que-maio-e-o-mes-de-maria> Acesso em 18 mai.2018.
<https://www.acidigital.com/noticias/por-que-maio-e-o-mes-de-maria-24349> Acesso em 18 mai.2018.
<http://www.wemystic.com.br/artigos/maio-e-o-mes-de-maria-descubra-4-razoes-da-escolha-deste-mes/> Acesso em: 18 mai.2018.