- 9 de abril de 2023
A pedra da entrada do túmulo foi removida e amanheceu um novo tempo, uma nova espiritualidade, uma nova maneira de viver o mistério de Deus.
Amanhece um novo mundo, descentralizado; um novo humanismo, um novo movimento de escuta. Brota um novo despertar a partir de uma maior lucidez e consciência dos problemas mundiais e uma escuta atenta diante do clamor unânime de que outro mundo é possível. Em Jesus ocorre algo totalmente novo. Sua ressurreição traz uma nova maneira de viver.
O Mistério Pascal é o salto para a novidade, para a beleza, para a transcendência. Não encontramos o Ressuscitado no sepulcro, mas na vida. Não encontramos o Ressuscitado enfaixado e paralisado pela morte, mas livre como a brisa da manhã.
A Ressurreição nos revela: só existe a Vida. Somos seres Pascais, somos potencialidade seres de vida.
Portador de uma vida inesgotável, revelada na madrugada pascal, o ser humano vive para mergulhar em algo diferente, novo e melhor. A vida, desde o mais íntimo da pessoa humana, deseja ser despertada e iluminada em plenitude. Amar é romper a casca para que a vida se expanda na doação. A morte do falso eu é a condição para que a vida se torne dom.
Viver como ressuscitado implica esvaziar-se do ego, para deixar transparecer o que há de divino.
Quem se experimenta a si mesmo como Vida já é uma pessoa ressuscitada e isso faz a grande diferença, pois tem um impacto no seu modo de ser e de viver.
Nas cenas evangélicas das aparições, o efeito da presença do Ressuscitado sobre os discípulos termina sempre em reconhecimento, em chamado e envio, em restauração da vocação e da missão.
Jesus ressuscitado exerce sobre nós um específico “ofício de consolar”, cujo efeito é iluminar o caminho pelo qual, em seu nome e com Ele, temos que percorrer.
Essa nova Vida é capacidade de amar como Jesus amou; é “passar pela vida fazendo o bem”. Somos seres ressuscitados quando vivemos os mesmos critérios e valores de Jesus.
A vivência pascal leva a querer algo mais. Ela tem rosto novo. É o futuro que ainda pode ser convertido em história nova; é vida vivida com encantamento.
A pedra pesada da nossa impotência diante da dor, do fracasso e da morte, foi tirada pelo Mestre, que, diante de nós, chama-nos pelo nome e nos desafia a viver como ressuscitados.
Deixemo-nos iluminar, levemos a Luz da Ressurreição nas nossas mãos, iluminando os recantos do nosso cotidiano.
Se quisermos que a nossa vida tenha a marca da Ressurreição, o convite é este: sair do próprio túmulo para viver encontros mobilizadores de vida. É preciso remover as pedras da indiferença que foram soterrando a vida dentro de nós e romper os muros que cercam nosso coração; é necessário compreender que somos chamadas a um compromisso diferente e mais profundo: destravar portas e janelas, sair de nós mesmas para entrar na grande casa de Deus; acolher a surpresa; deixar a margem conhecida para vislumbrar o outro lado; afastar a pedra da entrada do coração para poder viver os encontros com mais criatividade, compromisso e alegria.
(Reflexão bíblica elaborada por Adroaldo Palaoro, padre jesuíta, comentando o
evangelho do Domingo de Páscoa, ciclo A do Ano Litúrgico, que corresponde
ao texto bíblico de Mateus 28,1-10 e João 20,1-9)
Desejamos-lhe uma Páscoa abençoada e fecunda. Que o RESSUSCITADO, nos transforme com o seu amor e a sua presença transformadora.
Ir. M. Helena e Governo Provincial