- 11 de abril de 2020
Queridas Irmãs e Formandas!
Num tempo único, celebramos uma Páscoa única. É uma Páscoa vivida no silêncio contemplativo, na oração e na reflexão.
O estado de pandemia impede as celebrações solenes, as manifestações festivas de fé, de oração, de convívio fraterno e familiar. Mas não impede de celebrar, no silêncio e na intimidade, os grandes mistérios da nossa Fé, as razões da nossa Esperança.
Estamos isoladas, confinadas ao nosso pequeno espaço, mas não estamos sós nem abandonadas. Nos afazeres da nossa casa, no silêncio do nosso quarto, acompanhamos de perto Jesus, que celebra conosco a Páscoa da Ceia, se nos dá em alimento e nos aponta o serviço humilde e o mandamento do amor como ideal de vida; que caminha conosco para o Calvário, levando consigo todas as dores, angústias e sofrimentos da Humanidade; que na manhã de Páscoa deixa o túmulo vazio, fazendo-nos participar da Vida plena e eterna.
Estamos longe e estamos perto, porque na Páscoa vivida no silêncio e no recolhimento queremos unir-nos em comunhão e solidariedade a todos os nossos irmãos e irmãs, tendo especialmente presentes os que mais sofrem, os abandonados, os que não têm o conforto do carinho, da assistência e da ternura.
Aproveitemos a ocasião para continuar a contemplar como salvar a vida à maneira de Jesus; para entrar no mistério pascal; para recriar a vida fraterna em comunidade.
Aproveitemos este tempo para criar um silêncio fecundo que nos permita partilhar o que estamos a descobrir. Aproveitemos a ocasião para nos empatizarmos profundamente com aqueles que normalmente tem a sua vida em perigo e para nos comprometermos mais com eles. Aproveitemos esta oportunidade para repensar os nossos modos de vida e de consumo, concebendo respostas de apoio concretas a situações sociais e econômicas que irão afetar ainda mais o nosso ambiente quando a pandemia acabar.
Não deixemos de acolher estes dias com fé e esperança, vivendo a caridade com todos aqueles que estão mais próximos de nós, enquanto continuamos a rezar com confiança pelo mundo, a nossa casa comum. Estes são tempos que não escapam da mão ou do Coração de Deus. Tudo o que está a acontecer chama-nos a ser mais humanas, mais sensíveis e mais solidárias. Sejamos gratas pelo testemunho de tantos gestos diários que se multiplicam por toda a parte pelas pessoas, também pelos nossos irmãos e irmãs, que trazem afeto e conforto àqueles que estão a passar por momentos difíceis. Preocupemo-nos e ocupemo-nos cada vez mais com a vida! Quando o fazemos, somos testemunhas da Páscoa, do túmulo vazio e da manhã da Ressurreição.
O silêncio da Páscoa não é derrota nem tristeza, mas contemplação e compromisso, louvor e ação de graças pela boa notícia da manhã de Páscoa: o túmulo está vazio, não se encontra entre os mortos o autor da Vida.
O meu desejo é que a Páscoa seja de bênçãos, alegrias e profundas transformações.
Feliz Páscoa!
Ir. M. Helena Teixeira - Provincial MSNM