CELEBRAR A SEMANA SANTA COM FÉ, ESPERANÇA E OS OLHOS FIXOS EM JESUS.

O cenário mundial se, de um lado, nos assusta e até nos desestrutura, por outro, torna-se oportunidade importante para fazermos uma experiência profunda de acompanhar Jesus no seu caminho Pascal.

Parece que o mundo adentrou num grande deserto? Não percebem que vivemos todos, crentes e não crentes, uma quaresma cósmica?

Pequenas e grandes nações, do primeiro ao último mundo, todos nós e cada um forçados ao isolamento, à reflexão sobre a nossa fragilidade humana, sobre a nossa finitude.

Que este deserto seja fértil, e nos ajude a perceber que somos todos humanos, feitos da mesma terra, sujeitos aos mesmos males. Que esse inimigo comum nos ajude a perceber que cada vida é importante, independentemente da idade, etnia, classe ou língua.

Nesta Quaresma excepcional, tempo oportuno para aprofundar a nossa conversão pessoal e nosso compromisso social, com Jesus façamos um profundo exame de consciência para enfrentarmos as tentações do individualismo, do egoísmo e da ganância. Que sejamos conscientes de que o meu pecado não termina em mim, mas concorre para a treva do meu próximo e do planeta.

No Domingo de Ramos, que conclui a Quaresma e inicia a Semana Santa, somos convidados a celebrar com autenticidade o Mistério central da nossa fé: Jesus Cristo, morto e ressuscitado. Acompanhando Jesus que montado num burrinho, símbolo de mansidão e humildade, entra em Jerusalém abraçando sua missão com todas as consequências, rezemos por todos os profissionais da saúde, cuidadores, policiais, seguranças, trabalhadores dos serviços essenciais que não abandonam seus postos e, como Jesus, abraçaram sua missão até o fim.

Na Quinta-feira Santa em que fazemos memória da última ceia do Senhor e celebramos a instituição da Eucaristia, recordemos que após a ceia, Jesus vive a agonia no Horto das Oliveiras e que ainda hoje o Corpo de Jesus sofre nos povos que repetem o Cordeiro sem alívio, porque não têm pão, nem trabalho, nem saúde. Rezemos pelo Papa Francisco e por todos os sacerdotes, religiosos e religiosas que, como o Mestre, doaram e doam as próprias vidas tornando-se pão partilhado por amor ao próximo. Deixemos que o Cristo lave nossos pés para sermos seus seguidores e assim, entendermos, uma vez por todas, que não existe Eucaristia sem Serviço ao próximo.

Na Sexta-feira da Paixão, talvez o dia da semana santa em que nosso povo sofrido mais se identifica, acompanhamos Jesus até à cruz e até à morte, em comunhão com todos os que continuam sendo crucificados pela violência, pela injustiça, pela falta de acesso aos direitos básicos. É um dia de jejum porque o Esposo Divino é tirado do meio de nós. É um dia para recordarmos todas as vítimas da epidemia, todos aqueles e aquelas que perderam seus entes queridos e nem puderam se despedir. Neste dia fazemos a adoração da Cruz beijando-a. Este gesto simbólico expressa nosso desejo de assumir na nossa vida o estilo de vida de Cristo que abraça a cruz por amor.

O Sábado Santo, dia do grande silêncio, será possível fazer a experiência de escuta do silêncio das cidades, da natureza e do mundo devido esse tempo de quarentena e isolamento. Este dia, segundo a tradição da Igreja também conhecido como a Hora da Mãe Dolorosa é marcado entre a dor pela morte de Jesus e a espera alegre de sua ressurreição. Na companhia da Mãe das Dores, somos convidados a viver o sábado santo meditando a Palavra no silêncio do nosso coração em comunhão com toda a criação que juntamente com todos nós, geme e padece como em dores de parto (Rm 8,22). Na noite deste dia, finalmente cantaremos juntos: Ó noite de alegria verdadeira, que uniu de novo o céu e a terra inteira.

O túmulo vazio é sinal da nova fase da História que começa com a Ressurreição. Por isso, podemos afirmar que a Semana Santa é para toda a humanidade uma mensagem de fé e esperança que grita ao mundo que a noite não é para sempre. Que a dor terá um fim e que a última palavra não é de morte e sim de vida, pois Jesus Cristo Ressuscitou! É isto que celebramos no Domingo de Páscoa, a vitória da vida sobre a morte. A certeza de que um dia não haverá mais lágrimas, nem dor, nem sofrimento (Ap 21,7): Pois esta noite lava todo crime, liberta o pecador dos seus grilhões; dissipa o ódio e dobra os poderosos, enche de luz e paz os corações." Esta é a razão da nossa esperança.

Lembrando que neste ano, excepcionalmente, celebraremos em família e em casa. Graças a Deus, temos as redes sociais para nos ajudar.

 

Esperança, fé, oração, obediência e conversão.

 

Silenciosamente,

 

Ir. M. Helena Teixeira - Provincial MSNM


                                                            


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